Luna’s Line

Para a paulistana Luna Buschinelli (1997) é difícil dizer quando foi o começo de tudo, já que ela desenha desde que pode se lembrar. Mas foi na adolescência que a artista começou a explorar seus traços, então uma forma de se expressar e dar vazão ao que não conseguia dizer em palavras. Seus primeiros desenhos, em preto e branco e muito menos complexos do que atualmente, já refletiam o estado de espírito da autora na época. “Foi uma fase muito difícil para mim. Sempre digo que o desenho me salvou”.

Aos 15, Luna expandiu esse universo particular com a descoberta do grafitti. Os primeiros rabiscos foram em casa – a artista preferiu aprimorar as suas técnicas antes de sair para as ruas – e só após dominar o spray é que ela começou a se aventurar pelos muros da cidade.

“Achava que era muita responsabilidade ter um trabalho na rua visto por milhares de pessoas, que iria dizer muito sobre mim, e ainda não estava pronta para expor algo tão pessoal”.

Paradoxalmente, foi exatamente o grafitti que ajudou Luna a lidar com a sua timidez, e o que era um hobby virou um objetivo cada vez maior. Pelas ruas de São Paulo, a jovem artista ganhou reconhecimento e respeito, tanto do público quanto dos companheiros do grafitti, um respaldo importante para quem vive no cenário da street art.

“O que me interessa mais no grafitti é poder levar arte para qualquer lugar, tirar dos círculos fechados e dar acesso a todos. Uma vez que você desenha em um espaço público, aquela obra não é mais sua, é de todos, pertence à cidade. O grafitti é democrático”.

Seja grafitando muros em 15 minutos, seja elaborando um trabalho de meses ou seja desenhando em seu caderno quando bate a inspiração, Luna tem seu próprio processo de criação: mesmo com o cuidado e o critério que as obras requerem, ela não trabalha com nada pré-definido. Para a artista, o processo do desenho é um abrigo que a convida a expressar suas mais profundas emoções, o que fica claro nos elementos oníricos de suas criações. E ela espera que as obras finalizadas provoquem o mesmo nas pessoas.

“Desenhar é algo tão natural e orgânico para mim que não tenho um planejamento, o trabalho simplesmente flui. Na maioria das vezes, por mais que com uma temática concreta, não me preocupo em traduzir toda a minha arte para as pessoas. Acho que cada um vê o que precisa ver”.

Com uma gama de personagens repletos de personalidade Luna registra a evolução rápida do seu traço, dialoga com o mundo e se mantém fiel ao seu estilo.

“Meus personagens estão sempre evoluindo assim como o meu trabalho, sempre em processo de transformação”.